"Rafael Cortez não veio pra explicar. Veio pra confundir.

Traz Nara Leão no coração e Public Enemy tatuado no braço.
Da musa da bossa nova, assimilou a inquietude.
Dos manos do rap, o agente provocador.

E saiu por aí com um violão debaixo do braço.
Na contra-mão, foi estudar clássico.

Nem bossa nem rap, violão clássico.

Antes de ser palhaço de carteirinha, ator, jornalista, produtor cultural, repórter humorístico, Rafael Cortez sempre foi violonista.

Agora famoso, logo conseguiria contrato em gravadora e um bom patrocínio?
Que nada. Seguiu a sina de todo músico independente no Brasil: bancou tudo sozinho.

Elegia da Alma é disco autoral, no mais amplo sentido. Vai de reminiscências da infância ao duelo literário.

Bucólico e passional. Plácido e feérico. Assim é o disco; assim é o Rafa.

Neste salto, os milhares de fãs conquistados pela TV não lhe garantem a rede de proteção. Como compositor e intérprete, Rafael se expõe aqui mais do que nunca. Com o mesmo espírito franco atirador que encarna em suas reportagens.

Ao seu lado, a força brutal e arrebatadora que vem do violão.

A plateia mais atenta, ainda que iniciante na seara instrumental, logo notará: como o riso, a música é também libertadora."

Lorena Calábria, Jornalista